Fonte: Terça-feira, 21 de setembro de 2010 FOLHA DE SÃO PAULA
Em uma típica rotina de higiene e beleza, você talvez comece o dia esfregando lauril sufato de sódio em toda a pele e no couro cabeludo.
Depois, pode espalhar diazolidinyl urea no rosto, parabeno no corpo e passar sal de alúminio nas axilas. Certos dias, talvez inclua camadas de formaldéido nas unhas e de peróxido de hidrogênio e amônia nos cabelos.
Você pode não ter a menor ideia do que seja essas substancias, mas elas estão na maior parte dos cosméticos - sabonete, xampu, hidratante, desodorante, esmalte e coloração para cabelo.
E dai? São substancias proibidas? Não, mas podem significar riscos a saúde. Segundo associações de consumidores, fabricantes de cosméticos, mesmo sabendo disso, continuam usando esses ingredientes e não divulgam os problemas relacionados a essas substancias.
Terrorismo vende? Bem, o video "The Story of Cosmetics" (www.storyofcosmetics.org), que aponta os potencias perigos de componentes na maioria dos cosmeticos, pode deixar muita gente aterrorizada.
No vídeo, câncer, distúrbios neurológicos e infertilidade são associados a xampus, cremes, desodorantes e até itens para bebê. O intuito é alertar sobre o perigo oculto nas fórmulas e pressionar as autoridades para o aumentar o controle sobre os produtos de beleza e higiene, proibindo os mais tóxicos.
Mais ninguém controla o que vai no creminho que você passa ao redor dos olhos ou no talquinho do bebê?
Mais ou menos, dizem os militantes dos cosméticos "limpos". Como boa parte dos testes de segurança é fornecida pelos próprios fabricantes, resta uma enorme margem de dúvida sobre os resultados apresentados.
No Brasil, o terceiro maior mercado de cosméticos do mundo, é a Anvisa que regulamenta esses produtos.
QUESTAO DE DOSE
A agência divide os cosméticos em dois grupos. O grau 1 inclui os considerados mais simples na e nos efeitos prometidos, como condicionadores, xampos, sabonetes. Esses não são submetidos á análise. Basta uma notificação da empresa.
Os produtos grau 2 (alisantes de cabelos) precisam de registro e passam por análise técnica. Os fabricantes têm de apresentar documentos para comprovar que as substâncias estão dentros limites considerados seguros.
Aí que a coisa pega entre militantes de cosméticos limpos e a indústria. Respaldados pela lei,fabricantes que, embora alguns itens sejam tóxicos, as doses usadas não oferecem riscos.
Afinal, homeopatas (mais afinados com o povo "limpos" do que com a indústria química) são os primeiros a dizer que a diferença entre veneno e remédio está na dose.
O time que luta por cosméticos mais seguros admite que a química de cada produto, individualmente,não faz mal. Acontece que ninguém usa um só. Calcula-se que, por dia, mulheres usem dez e homens, seis produtos.
Dias após dia, ano após ano, pequenas quantidades de produtos tóxicos vão se acumulando no organismo.
"Em longo prazo, esses cosméticos trazem problemas", diz Edilene Costa, da Abrapan (Associação Brasileira de Produtos e Bem-Estar) -- criada para apoiar empresas de "produtos naturais" (conceito vago e sem regulamentação clara) e conscientizar o consumidor da importância desses produtos para a saúde e o ambiente.
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